terça-feira, 29 de maio de 2007

História


Vila Nova de Famalicão, uma das mais jovens cidades (1985) de Portugal e do Minho, sede de concelho e território, nasce para a história em 1205, com o foral de D. Sancho I. Sendo terra e povoação antiga, Vila Nova de Famalicão, é um concelho moderno, criado em 1835, por carta foral da rainha D. Maria II, por onde importantes figuras da literatura portuguesa (Camilo Castelo Branco...) e da política (José Ferreira Salgado, Bernardino Machado) passaram e fizeram história.

Alguns auto­res referem que a povoação hoje denominada Vila Nova de Famalicão já era, nos alvores da nacionalidade portuguesa, sede administrativa e judicial da TERRA DE VERMOIM, de quem, aliás, foi até ser concelho, cabeça de julgado, herdando-lhe o território.

Uma certa tradição pretende, sem fundamento, encontrar a origem (desconhecida) do nome da terra famalicense num pseudo personagem histórica chamado"Famelião", que ao fixar-se aqui, no tempo dos Condes de Barcelos, terá aberto uma taberna conhecida por: "Venda Nova de Famelião...". Ter-se-á que esperar pelo censo de 1527 para aparecer pela primeira vez a referência a "Vila Nova de Famyliquam", embora em 1307 já se fale, nas chancelarias de D. Dinis, em" Fhamelicam".

Sendo terra e povoação antiga, Vila Nova de Famalicão, é um concelho moderno, criado em 1835, por carta foral da rainha D. Maria II, a qual também lhe restituiu em 1841, o título de "Vila". Fruto da revolução liberal, é-o também da luta persistente, e da vontade afirmativa de autonomia das suas gentes, que, durante longas décadas, exigiram a sua desanexação de Barcelos, imposta em 1410, pondo fim a séculos de declínio e apagamento politico.

A partir de meados do século XIX, depois da refundação do concelho, e com a abertura da estrada Porto-Braga em 1851, e do caminho-de-ferro (1875), Famalicão entra numa fase de grande desenvolvimento. Constroem-se edifícios públicos, como o Hospital da Misericórdia (1878), e os Paços do Concelho (1881), e erguem-se na nova estrada, então Rua Formosa, "edi­fícios particulares luxuosos" com capitais vindos do Brasil, de que é exemplo paradigmático o Palacete Barão da Trovisqueira. E nessa época que começam a instalar-se, na então vila e no concelho, fábricas e oficinas "que vão mudar a fisionomia da terra e torná-la, pouco a pouco, centro de uma grande zona comercial e industrial. São os casos da Boa Reguladora (1892), da Tipografia Minerva (1886), e das fábricas têxteis em Riba d'Ave, a primeira das quais em 1890 do Barão da Trovisqueira, e a Sampaio, Ferreira fundada em 1896 por Narciso Ferreira.

"No fim do século XIX e princípios do actual Famalicão teve, porventura, o período áureo de sua vida intelectual e artística".

Apesar da morte de Camilo Castelo Branco em 1890 depois de ter escrito em Ceide, boa parte da sua obra, floresce na viragem do século, em Famalicão um punhado de escritores, poe­tas e jornalistas que fundam jornais ("Gazeta do Minho" - 1882, "Gazeta de Famalicão" e o "Minho" - 1884, o "Porvir", "O Leme" e "Estrela do Minho" - 1895), revistas ("Alvorada" ­1885, e "Nova Alvorada" - 1891), e editam livras que ainda hoje são marcos na história literá­ria e cultural. Júlio Brandão publica o seu primeiro livro de poemas "O Livro de Aglais" (1892), enquanto Bernardino Machado, ensina em Coimbra, e ai produz e edita grande parte do seu pen­samento pedagógico ("O Ensino") em 1898 e político ("Pela Liberdade") em 1901. Alberto Sampaio vai dando à estampa, em revistas, (Revista de Guimarães, e Revista de Portugal), as investigações históricas, realizadas no silêncio da sua Casa de Boamense, que serão, após a morte, (1908), reunidas nas "Vilas do Norte de Portugal, e "Póvoas Marítimas".

É também, por essa altura, que os poetas Manuel Dias Gonçalves Cerejeira e Sebastião de Carvalho editam, respectivamente, "Cinzas” (1896) e "Rosas da Minha Terra” (1915). Por seu lado, o Conde de Arnoso da Casa de Pindela, do grupo dos "Vencidos da Vida”, publica" Azulejos” (1886)".

Liderando um dos pólos de desenvolvimento do Vale do Ave, a cuja Associação de Municípios pertence, o município de Famalicão, está solidário, e trabalha, pela modernização e reestruturação da indústria têxtil (dominante), e pela diversifi­cação industrial, quando se assiste à implantação crescente da indústria de alimentação.

Outra batalha importante do presente é a preservação da identidade, e a defesa do património natural e histórico-cultural. As belezas paisagísticas e os miradouros (Monte do Facho, Stª Catarina, Senhor dos Aflitos, entre outros), assim como, o património arquitectónico construído ao longo de séculos (castros, casas solarengas como a do Vinhal, e de Pindela), as pontes români­cas (Lagoncinha, S. Veríssimo, Coura e Gravateira), a memória camiliana, onde avulta a Casa de Camilo, as Igrejas românicas, capelas e cruzeiros, (por exemplo, o cruzeiro em granito em Arnoso Stª Maria do séc. XVI), são riquezas inestimáveis que dando dimensão histórica à nossa condição humana, devolvem-nos um sentimento colectivo, imperecível, de famalicenses e cida­dãos do mundo.

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